MANIFESTO ANTI- VELHOS

Lacrimejando tormentos num pesar meditabundo
Dia e noite o velho cisma cabisbaixo sem poder
Teorias e fantasmas que suportem lá no fundo
Quantas mágoas antecipa no que teme acontecer

Penosamente enredado em papéis de moribundo
Num perfil que em vão soergue para não enlouquecer
Tais desvarios consome nos cenários desse mundo
Que a desgraça enaltece na intenção de não sofrer
E num estranho casamento entre si e a velha morte
Sem por isso dar celebra o que chama de má sorte

Velho será quem dormita num queixume acorrentado…

Quem caduca na barcaça pesaroso de existir
Quem rebusca historietas lisonjeiras do passado
Quem perdidamente chora quantos males hão-de vir
Quem rumina guilhotinas num remorso embaraçado
Quem divaga pensativo tropeçando sem dormir
Quem rejeita primaveras num olhar desamparado
Quem fermenta desventuras incapaz de lhes fugir
Quem remexe falangetas na penumbra amorrinhado
Quem semeia hipocondrias de intestinos a rugir
Quem esmiúça enormidades contra a própria solidão
No inverno vendo fogos que virão só no Verão

Velho será quem se afunda na valeta destroçado…

Quem resmunga na viagem horas antes de partir
Quem se agarra ao corrimão ainda não necessitado
Quem propaga mesquinhices sem jamais delas sair
Quem repete velharias num museu ensimesmado
Quem descobre sujidades no mais límpido elixir
Quem ladrões sem fim pressente num discurso infernizado
Quem sepulta guloseimas no prazer de proibir
Quem transpira sobressaltos nas cavernas mergulhado
Quem circula espavorido no terror de colidir
Quem desfolha prejuízos no banquete arruinado
Quem madruga folhas mortas que em Setembro irão cair…

Desistindo do futuro a ganir em contramão
Cantilenas ladainhas salgalhadas depressão

Imagem: Paul Cezanne, “O Velho Jardineiro”.

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