Em 2017 iniciámos a representação IPSO (International Psychoanalitic Studies Organization) em Portugal, na Sociedade Portuguesa de Psicanálise.
Na época, acabados de chegar ao terceiro ano de formação teórica, embarcámos num projeto, do qual, apenas tínhamos tido contacto, como participantes. A filosofia que havíamos, até então assistido, era de uma leveza inspiradora. Deste modo, o facto de termos tido o privilégio de passar um dia a desenvolver trabalho, com o Howard Levine, na apresentação de trabalho clínicos, discussão de casos em supervisão. Assim como, posteriormente, assistir a supervisão clínica de Leopold Nosek e viver o intercâmbio internacional no Encontro IPSO em Lisboa (entre outros bons momentos). Foi algo que, por ter sido experienciado tão intensamente e com um imenso proveito para a nossa formação como psicanalistas, como se, de janelas a abrir de par em par, vislumbrando sempre novas paisagens, que nos fez iniciar um novo projeto, dando continuidade ao anterior…
Aceitando o desafio, que se apresentou por vezes de forma ansiosa, contraposto por momentos de boas convicções, vivemos momentos de muito entusiasmo, mas também de algumas frustrações e desilusões.
Recordamos que a IPSO foi criada em 1971, em colaboração com a IPA, marcando o início a uma nova conspeção sobre o candidato a psicanalista, conseguindo derrubar muros e relançando a discussão sobre a formação em Psicanálise. Esta é a sua origem, que ainda hoje se vê, escuta e sente.
Ao longo destes dois anos, destacamos vários momentos que nos marcaram. As supervisões IPSO, que de uma forma generalizada, proporcionaram ensejos de partilha e de saberes muito enriquecedores. A liberdade de pensamento vivido e proporcionado por cada um dos supervisores, tornaram as supervisões clínicas lugares únicos de intimidade, de partilha de conhecimento e de desenvolvimento, e de uma, ainda maior, paixão pela Psicanálise.
Destes movimentos libertadores, do pensamento psicanalítico, a supervisão com Fernando Orduz, no XXVIII Colóquio da SPP, criou em nós, uma inefável curiosidade sobre o seu pensamento. O corpo como lugar de apresentação, de representação e de irrepresentabilidade. Concretizou-se posteriormente o II Encontro de Candidatos IPSO. Libertámos também a psicanálise para fora dos consultórios clínicos, isentando-a da formalidade formativa, de modo a que, a liberdade de pensamento psicanalítico tivesse ainda, um lugar maior.
Sentimos o interesse, entusiasmo e acolhimento de colegas da nossa Sociedade, mas também de outras e de outros lugares e pensamentos.
Esta foi, uma experiência muito enriquecedora.
Terminamos com aquilo que nos foi acompanhando nestes dois anos e que nos foi trazido por Bollognini, ou seja, o modelo de formação quadripartido, onde para além da análise pessoal, supervisão e seminários, se torna premente incluir o trabalho em grupo, a aquisição da capacidade de trabalhar interpares, evitando o isolamento, promovendo a ideia de permanente aprendizagem, promovendo a abertura de novos espaços de partilha de conhecimento.
Esta é a liberdade IPSO. Abrindo a cada momento um novo olhar, uma nova janela para o saber psicanalítico.
“A Liberdade, sim, a liberdade!”
Obrigado a todos.
Imagem: Maluda (pintora)